sábado, 9 de maio de 2009

Web 1.0 x Web 2.0

O que posso dizer sobre as diferenças da Web 1.0 e 2.0? Não sou um estudioso da internet, mas tenho experiência acumulada de editor de conteúdo jornalístico multimídia para a rede nos últimos dez anos. Atualizei sites de grandes empresas de comunicação de massa e vivi na prática do dia-a-dia a transição de um modelo para o outro.

Na Web 1.0, trabalhava seguindo os modelos herdados do jornalismo impresso, televisivo e radiofônico, com algumas adaptações ao novo meio, obviamente.

Em relação à apuração, além das fontes diretas e agências de notícias, os sites apareciam como um terreno fértil para a prospecção de informações. Apesar de questionados pelos colegas de profissão das outras mídias no começo, o conteúdo publicado na internet passou a ser cada vez mais usado como base para a produção de reportagens.

A respeito da publicação, o jornalismo na Web 1.0 se utilizou de um híbrido entre o “fechamento”, um dos pilares mais importantes da linha de produção do jornalismo impresso, e a flexibilidade de poder até transmitir as informações ao vivo. Diante de um fato, era só checar e colocar no ar, acrescentando ou corrigindo o conteúdo assim que chegassem novas informações.

Com a chegada da Web 2.0, meu trabalho mudou fundamentalmente nesses dois aspectos. Apuração agora vai além até dos sites tradicionais. As redes sociais viraram um centro de referência para os jornalistas que procuram personagens para reportagens, por exemplo. Os blogs se transformaram em fontes cada vez mais confiáveis de informação. Em relação à publicação, os comentários do público fazem uma repercussão imediata das notícias e ajudam à elaboração mais rápida de análises sobre os fatos, ampliando as possibilidades do que antes ficava restrito às questões criadas unilateralmente em perguntas de enquetes e fóruns. O conteúdo audiovisual enviado pelos internautas ganha destaque pela relevância de poder mostrar o máximo de variedade, pela democratização crescente no acesso aos equipamentos de produção.

Ao fim dos textos de reportagens publicadas na internet, não se põe mais ponto final, mas ponto e parágrafo. O que o leitor escreve na caixinha de comentários é cada vez mais relevante para a compreensão. E ai de quem não der a devida importância ao que se escreve no espaço. Muitas vezes, surgem testemunhas oculares do fato que corrigem e acrescentam informações. Em outras oportunidades, um questionamento gera uma “suíte” ou até nova pauta. Do outro lado, o público se reconhece e dá valor a quem lhe dá voz.

O receptor adquiriu importância como emissor na rede, desconstruindo cada vez mais o modelo tradicional de comunicação de massa. O processo unidirecional ficou esvaziado. A publicação sem a avaliação e repercussão do público perdeu a força. O conteúdo precisa ter muitos comentários e ser bem agregado por outros para ser relevante e conquistar audiência.

A comunicação impressa, televisiva e radiofônica amplia gradativamente a transmissão de conteúdos gerados pelo público. Reflexo de como desejam se inserir de forma offline na rede social online cada vez mais poderosa. Por quanto tempo conseguirão ser tão relevantes quanto hoje fora da Web?

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